terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A POPULARIZAÇÃO DO TRIATHLON AMADOR



Correr, nadar, pedalar e suar:
Aumenta o número de praticantes amadores de triathlon e academias criam programas especiais de treinamento

A nutricionista e modelo Amanda Miranda, de 26 anos, não consegue parar de correr. Nem de nadar. E nem de andar de bicicleta. “Sou tão viciada que deixo de trabalhar, de sair com amigos, de ver minha família, só para me exercitar”, conta. Ela começou a praticar o triathlon, modalidade que mistura natação, ciclismo e corrida há pouco mais de 1 ano e desde então treina intensamente, de terça a domingo, no câmpus da Universidade de São Paulo (USP) e na academia. “Chego a dedicar mais de cinco horas por dia a essa atividade”, afirma Amanda. “E, mesmo quando viajo para minha casa de praia em Maresias, para onde vou quase todo fim de semana, continuo com o cronograma, nadando no mar, correndo na areia e pedalando na estrada.”

Amanda começou na esteira, antes de cair na piscina ou de subir na bicicleta. “Corro desde os 15 anos na academia para manter a forma”, diz. “Mas só correr começou a perder a graça. Misturar os esportes é uma forma de aumentar o desafio e combater o tédio.”

Segundo o personal trainer Marcos Paulo Reis, dono da assessoria esportiva MPR, a maioria entra para o triatlo pelo mesmo motivo da nutricionista: enjoou de apenas correr e procura alternativas para não parar de se exercitar. “É uma forma de tornar o esporte mais interessante”, explica. “Mesclar as práticas ainda traz diversas vantagens para o corpo.” Reis conta que o triatlo queima cerca de 1.200 calorias por treino de 1h30 e trabalha o corpo de forma uniforme.

Segundo a Federação Paulista de Triathlon (SPTri), o número de praticantes amadores dessa modalidade vem aumentando. “Crescemos junto com a moda de corrida”, afirma Frederico Wilche, presidente do órgão. Hoje, já há 8 mil atletas amadores no Estado – 1.800 participaram de duas ou mais competições em 2009.

Wilche acrescenta que o boom do triathlon começou há cerca de cinco anos, quando os corredores passaram a agregar o ciclismo e a natação a seus treinos. “Desde então, o número de praticantes aumenta no mínimo 5% ao ano”, garante o presidente da SPTri. “Isso é ainda mais impressionante se levarmos em conta que esse não é um esporte para qualquer um, tanto pela exigência física quanto por ser um hobby muito caro.”

TREINO

Para aproveitar o crescimento, academias paulistanas e assessorias esportivas incorporaram o triatlo em suas programações. A rede Bio Ritmo, por exemplo, conta com treinamentos específicos desde 2005. “Fazemos um cronograma individualizado e preparamos alunos para campeonatos”, explica o treinador Ronaldo Martinelli, coordenador do programa. “Temos tanto atividades internas, na piscina da academia, quanto externas, quando levamos os alunos para parques.”

Além dos treinos, as academias da Fórmula ainda promovem bimestralmente aulas especiais que mesclam natação e ciclismo. Já na Reebok, há classes específicas de duathlon e treinos que misturam as três modalidades. “Um esporte puxado como esse serve como válvula de escape para a tensão diária que sofro no trabalho”, conta a designer de joias Cristiane Faccin. “Ainda traz satisfação pessoal, já que deixa o corpo bem trabalhado, a mente relaxada e aumenta a autoconfiança, conforme vencemos provas e nossos limites.”

A moda do triathlon também pegou fora da capital paulista. “Santos, por exemplo, é a cidade que mais abriga competições no Brasil”, afirma o personal Marcos Paulo Reis, que tem alunos no município do litoral paulista e desde 2007 coordena uma escolinha gratuita para jovens de 12 a 16 anos na região.

COMPETIÇÕES

“O mais gratificante é acabar uma prova difícil”, explica o empresário Claudio Cordiolli, adepto desde 2007. “É ótima a sensação de saber que faço algo que poucos conseguem.” Ele já conseguiu, por exemplo, concluir uma prova do Ironman, o maior desafio para um desses atletas amadores: são 3,8 quilômetros de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida.

É claro que principiantes não começam já encarando uma competição tão dura. “As pessoas iniciam em provas bem mais curtas”, explica Frederico Wilche, presidente da SPTri. “Também vale destacar que todos os praticantes precisam de um acompanhamento médico, esportivo e nutricional antes de se preparar para uma disputa ou de se jogar nos treinos.”

Há calendários com as datas das provas nos sites da Confederação Brasileira de Triathlon (www.cbtri.org.br) e da MPR (www.marcospauloreis.net). Hoje, por exemplo, ocorre a prova Mundialito de Fast Triathlon em Santos, no bairro Ponta da Praia. A partir das 10 horas, 15 atletas de cinco países participam da disputa, que pode ser acompanhada gratuitamente pelo público e será transmitida pela tevê.

VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS TRÊS MODALIDADES

Natação: é o único dos três esportes que trabalha bem os membros superiores, como ombros e braços. Também exercita os músculos de forma uniforme. “Outra vantagem é que o impacto no corpo é quase zero e o risco de lesões é muito baixo, ao contrário das outras modalidades”, acrescenta o personal trainer Marcos Paulo Reis, da assessoria esportiva MPR. “O porém é que os atletas encaram esse esporte com mais receio, já que em competições muitas vezes é preciso nadar longe da areia.” Segundo Reis, é normal as pessoas sentirem medo na hora de encarar o alto-mar

Ciclismo: fortifica bem os glúteos. Essa atividade ainda deixa as pernas bem definidas e ajuda a melhorar a capacidade aeróbica do praticante. Mas é um esporte muito suscetível a acidentes. “Tanto em treinos quanto em provas, é comum ver atletas caindo de suas bicicletas”, explica Reis. “Outro problema é que o local de treinamento deve ser escolhido cuidadosamente, tendo em conta a segurança e a dirigibilidade.” O custo para começar a dar as primeiras pedaladas também pesa contra. Uma bicicleta decente não sai por menos de R$ 5 mil e há modelos de mais de R$ 20 mil

Corrida: no triatlo, é a modalidade que mais queima calorias e traz perda de peso para o praticante. Uma hora de esteira, por exemplo, gasta entre 600 e 800 calorias. O corredor também define bem as pernas, a panturrilha e as coxas, além de desenvolver a capacidade cardiovascular. Das três atividades, porém, é a que mais machuca o corpo do atleta. “Com o aumento do volume e da densidade do exercício vêm lesões na canela, no joelho, no tornozelo”, afirma Reis. Não são raros os casos de praticantes que precisam passar por cirurgias e têm de ficar meses sem treinar.

Fonte: Estadão Online

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